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Especial: Nick Nicotine por Vera Marmelo

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Este é um Especial dedicado a Vera Marmelo e ao seu primeiro objecto fotográfico, um caderno de posters, zine, revista ou jornal, com 13 retratos de músicos portugueses. Tudo numa edição limitada. Será um especial de 13 dias, com fotos e palavras da própria Vera Marmelo. E há Nick Nicotine na área!

NICK NICOTINE | OUVIR

nicknicotine

Fotografei o Nick no seu estúdio. Depois deste retrato voltei a fotografá-lo lá mais mil vezes. Sou uma presença assídua no King. Sou uma entusiasta da música do Nick e de todo o seu trabalho com o Barreiro Rocks e mais mil projectos em que se vai metendo. Estou convencida que muito da maneira como faço as coisas e me envolvo nelas se deve à cidade onde cresci e onde ainda hoje moro. Uma cidade feita de pessoas que se mexem e se motivam. O Nick é, desde sempre, o cool kid in town que eu continuo a querer copiar. Vera Marmelo

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Especial: Sara Serpa por Vera Marmelo

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Este é um Especial dedicado a Vera Marmelo e ao seu primeiro objecto fotográfico, um caderno de posters, zine, revista ou jornal, com 13 retratos de músicos portugueses. Tudo numa edição limitada. Será um especial de 13 dias, com fotos e palavras da própria Vera Marmelo. Hoje, a fotografada é Sara Serpa:

SARA SERPA | OUVIR

saraserpa

Cruzei-me com a Sara pela primeira vez num concerto da Culturgest. Amigos da Trem Azul tinham-me pedido um par de fotografias para serem usadas na capa dum disco dela. Fizemos essas fotografias num bocadinho demasiado rápido. Numa das suas vindas a Lisboa e antes do regresso a Nova Iorque fizemos outras, perdidas pelas ruas de Alfama. Pouco tempo depois fotografei também o marido da Sara, o guitarrista André Matos. Foi um encontro muito feliz, “patrocinado” por pessoas de quem gosto muito. Vera Marmelo

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Especial: Márcia por Vera Marmelo

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Este é um Especial dedicado a Vera Marmelo e ao seu primeiro objecto fotográfico, um caderno de posters, zine, revista ou jornal, com 13 retratos de músicos portugueses. Tudo numa edição limitada. Será um especial de 13 dias, com fotos e palavras da própria Vera Marmelo. E chegámos à foto de Márcia.

MÁRCIA | OUVIR

marcia_vmarmelo

Conheço a Márcia há muito tempo. Antes dos sucessos, dos duos com o JP e com o Sami. Temos como ponto de ligação o BFachada. Combinamos fazer este retrato, num instantinho, dum sábado de tarde. Foi rápido mas ainda deu tempo para tirar umas fotos à menina que dá nome à canção. Ficou ali combinado que iria fotografar as sessões de gravação do disco que agora se ouve por aí. E assim foi, passadas umas semanas voltava ao Golden Pony para fotografar a gravação do novo Casulo. Fruto desses dias descobri um dos meus restaurantes favoritos de Lisboa. Que, a pedido do Magalhães e do Eduardo do Pony, permanecera em segredo. Vera Marmelo

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Especial: Celina da Piedade por Vera Marmelo

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Este é um Especial dedicado a Vera Marmelo e ao seu primeiro objecto fotográfico, um caderno de posters, zine, revista ou jornal, com 13 retratos de músicos portugueses. Tudo numa edição limitada. Será um especial de 13 dias, com fotos e palavras da própria Vera Marmelo. Já quase no fim, Celina da Piedade…

CELINA DA PIEDADE | OUVIR

celinadapiedade

A Celina faz parte do meu imaginário de adolescente. Comecei a ir, ainda nos tempos de faculdade, ao festival Andanças. Outras histórias da minha vida. Conheci a Celina no dia em que fizemos esta fotografia. Foi a única dos escolhidos que não conhecia pessoalmente. A ideia da menina doce, que trazia das lembranças das noites em São Pedro Sul, bateram certinhas. Vera Marmelo

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Especial: Héber Marques por Vera Marmelo

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Este é um Especial dedicado a Vera Marmelo e ao seu primeiro objecto fotográfico, um caderno de posters, zine, revista ou jornal, com 13 retratos de músicos portugueses. Tudo numa edição limitada. Será um especial de 13 dias, com fotos e palavras da própria Vera Marmelo. Amanhã acaba mas hoje ainda há tempo para a fotografia de Héber Marques (HMB).

HÉBER MARQUES | OUVIR

hebermarques

O Héber é o vocalista de um dos meus guilty pleasures de 2012, os HMB. Os HMB têm o seu próprio fotógrafo que eu conheço há uns tempos, o Hugo Moura. No entanto o Hugo foi de férias e passou-me a pasta de fotografar um dos concertos dos rapazes. Foi numa tarde de chuva pesada que estivemos na Lx-Factory. Foi nesse início de tarde que fiz este retrato ao Héber. Solene e tranquilo, tal como é tão característico no rapaz. O concerto foi óptimo, claro. E o Hugo nunca mais me deixou chegar perto deles. Vera Marmelo

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Especial: Alex D’Alva Teixeira por Vera Marmelo

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Este é um Especial dedicado a Vera Marmelo e ao seu primeiro objecto fotográfico, um caderno de posters, zine, revista ou jornal, com 13 retratos de músicos portugueses. Tudo numa edição limitada. Será um especial de 13 dias, com fotos e palavras da própria Vera Marmelo. E pronto, já está. Termino com a foto de Alex D’Alva Teixeira.

ALEX D’ALVA TEIXEIRA | OUVIR

alexdalva

Esta história já o Alex a contou. Conheci-o no barco, fotografei-o pela primeira vez na estação onde esse barco atraca. E conversámos já muitas horas dentro desses barcos. Tenho vindo a acompanhar de muito perto o talento crescente deste rapaz, deste amigo e protegido. Durante a segunda metade de 2011 posso garantir que ele e o Ben Monteiro, com quem está a fazer o seu tão aguardado disco, eram as pessoas com quem mais partilhava o meu tempo. Temos muitas fotografias dessa altura, mas estou certa que muitas mais estão para vir. Tirámos esta fotografia numa tarde de sol, à beira do rio, na Moita. O Alex apareceu de skate e eu de bicicleta. Vera Marmelo

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João Afonso fala sobre “Sangue Bom”– Parte I

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João Afonso está de volta aos álbuns de originais. Depois de uma belíssima homenagem a José Afonso, seu tio, materializada com um espectáculo e consequente disco, “Um Redondo Vocábulo” (Edição de Autor, 2009), João Afonso editou ontem o seu novo álbum. O disco chama-se “Sangue Bom” e para além da música de João Afonso, traz a poesia de José Eduardo Agualusa e Mia Couto. A trompa inicia hoje um especial de cinco dias dedicado a este excelente disco. São três perguntas e respostas a lançar diariamente, num total de 15. Eis a primeira parte:

CAPA CD_SANGUE BOM

O último disco de originais do João Afonso data já de 2006, como foi gravar um novo disco de originais passados todos estes anos? Algumas novas sensações?
Há sempre sentimentos e sensações novas , fruto de processos diferentes de produção. Foi um disco intenso e de grande entrega. Houve um disco pelo meio : “Um redondo vocábulo” que apesar de não ser da minha autoria abracei-o como se o fosse.

Voltando um pouco mais atrás, a estreia com o álbum “Missangas” em 1997 foi verdadeiramente fulgurante, cheia de prémios e boas críticas. Que melhores memórias guarda desse tempo?
As melhores memórias estão relacionadas com os inúmeros concertos que o “Missangas” me proporcionou a mim e aos meus colegas de estrada. A ida a Macau e o concerto num anfiteatro em Goa é o que me vai à cabeça. Lembro-me depois de num concerto em Moçambique aparecer-nos um puto na rua a vender música de Maputo e entre eles o “Missangas”, pirateado. Não acreditava que era eu o “rapaz” da capa com o cão. A certa altura perguntou-me pelo cão e ganhou…

Em “Outra Vida” (2006), há de certa forma um novo caminho que se traça, não só pelo papel importante de João Lucas (produtor, director musical e responsável pelos arranjos) mas também pela introdução de outros instrumentos. O novo “Sangue Bom” segue de alguma forma esse caminho da descoberta? Como?
O “Outra vida” é um grande trabalho do João Lucas e com um som diferente. Aliás, eu creio que todos os meus discos têm características diferentes e um cunho próprio. O “Sangue bom” é um trabalho com uma multiplicidade de universos e acho que se deve ao trabalho dedicado e de bom gosto do produtor , o meu amigo, Vitor Milhanas. Esse som do disco deve-te também a uma colaboração variada e diversa de músicos que generosamente colaboraram e a eles devo este disco. O Vitor, por exemplo, com a sua programação rítmica, com o trabalho excelente de percussão do Quiné, mais as guitarras fabulosas do António Pinto e do Miguel Fevereiro, mais os teclados do Fausto Ferreira…e claro, as vozes do meu irmão António (Continua…). [WORLD | OUVIR]

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João Afonso fala sobre “Sangue Bom”– Parte II

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João Afonso está de volta aos álbuns de originais e deixou-nos algumas palavras sobre o mesmo. Segue-se a segunda parte dessa ‘conversa':

Ler também: Parte I |

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Quando o João Afonso olha para este novo álbum, e não apenas em relação a “Outra Vida”, que principais diferenças se podem encontrar em relação a tudo o que já editou?
Procurei e procurámos outras sonoridades e claro, este disco em relação aos outros não tem a minha autoria nos poemas mas sim de dois grandes amigos e grande escritores , O Zé Eduardo Agualusa e o Mia Couto.

 Uma questão mais rápida e que serve para entrarmos em definitivo no novo disco: Que “Sangue Bom” é este?
“Sangue bom” é  construído como uma narrativa de histórias e mistérios de Mia Couto e de José Eduardo Agualusa com a minha musicalidade e do Vitor Milhanas e de todos os músicos . A riqueza dos arranjos do Vitor realça, a meu ver, a sonoridade lusófona deste disco.

Por onde viaja e respira este “Sangue Bom”; em Portugal, Angola, Moçambique, na diáspora lusa, no mundo?
“Sangue bom ” viaja por essa sonoridade lusófona vestida por kissanges e guitarras, marimbas e adufes… o Brasil e até a Galiza estão presentes com o Fred Martins e o Anxo Pintos. Sangue bom que vive com a força das palavras de Mia e de Agualusa.  Eu próprio sinto-me luso. Moçambicano e confesso que me identifico tanto com muitas das letras/poemas dos dois que os considero um pouco minhas quando as canto (Continua…). [WORLD | OUVIR]

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João Afonso fala sobre “Sangue Bom”– Parte III

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Ler também: Parte I | Parte II |

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Como e quando surgiu a ideia de convidar dois tão proeminentes nomes da literatura lusófona – Mia Couto e José Eduardo Agualusa – para fazerem as poesias do novo disco?
Sou amigo e admirador de ambos. Pela obra que tem, pela forma e conteúdo com que escrevem e pela forma corajosa de serem e estarem. Há uns anos fui inicialmente desafiado pelo Mia em Tondela. Depois o Zé Eduardo Agualusa juntou-se a nós e foi um processo dinâmico e partilhado . É um orgulho e uma honra este projecto ser com eles.
Os temas do amor, da amizade, da fraternidade e da infância, são alguns dos temas das músicas do disco. Houve alguma ligação entre os letristas? Como se gerou este processo?
O Mia Couto e o Agualusa são amigos e partilham o dom de escreverem duma forma mágica, poética e profunda. Esses temas universais, a infância (na grande casa branca) , o amor e desamor, a separação, a terra quente da estrada do Sumbe, a vida no seu mais introspectivo sentido em sementes, a dor e o tempo, etc. São todos poemas com os quais me identifico. 
“Sangue Bom” é também um disco de convidados, um disco de partilha tanta a gente interessante envolvida nele; Stewart Sukuma, Aline Frazão e Fred Martins são apenas algumas das vozes, já que os músicos são inúmeros. Como se conseguiu gerir todo este processo?
O Stewart Sukuma é um dueto especial pois sou de Moçambique e é um amigo e grande artista de Maputo por quem tenho grande admiração. Angola tinha que estar presente na voz (também já com a colaboração de grandes músicos como o Mário Rui) de Aline Frazão , uma voz magnífica e grande compositora e amiga. O Brasil também está presente com o meu grande amigo Fred Martins , também ele grande compositor e cantor. A Galiza também está presente e bem representada com o meu grande amigo Anxo Pintos, grande maestro e músico (Continua…). [WORLD | OUVIR]joaoafonso3

O post João Afonso fala sobre “Sangue Bom” – Parte III aparece primeiro no A Trompa.

João Afonso fala sobre “Sangue Bom”– Parte IV

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Ler também: Parte I | Parte II | Parte III |

João Afonso_ foto de augusto brázio(1)

Imaginando que apenas podia aconselhar um dos temas do disco, que tema me aconselharia desde logo a ouvir e que melhor sintetiza o espírito do disco? O single “Lagarto” ou outro? Porquê?
O “Lagarto” pela sonoridade , o “Sangue bom” pelo apelo à lusofonia, sem preconceitos, contra a descriminação.

O que podem esperar as pessoas que forem ver o espectáculo ao vivo de João Afonso?
Podem esperar uma entrega total , sentida e vivida com os meus companheiros de estrada com quem tentarei respeitar e transmitir os universos das canções que no disco existem. “Vamo-nos divertir” certamente.

A sua ligação a Espanha é desde há muito tempo algo muito forte. Como sente essa ligação? Vai-se manter com o novo disco?
A minha ligação a Espanha é a nível profissional e pessoal. Continua a ser o País onde mais trabalho e realço naturalmente a Galiza. Mas por toda a Espanha continuo a colaborar em vários projectos. Espero em breve ver o “Sangue bom” lá editado, e continuar a trabalhar com amigos como o Luis Pastor, a Uxía, o Anxo Pintos, Pedro Guerra, Kepa Junkera ou Javier Ruibal. [WORLD | OUVIR]

CAPA CD_SANGUE BOM

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João Afonso fala sobre “Sangue Bom”– Parte V

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Ler também: Parte I | Parte II | Parte III | Parte IV |

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Como é que o João Afonso olha para a Internet e para o seu papel cada vez mais relevante na indústria musical de hoje?
A Internet neste disco teve um papel fundamental . Para além da amizade e generosidade de inúmeros músicos amigos, muitos fizeram-no à distância gravando nos seus estúdios por waves que depois foram editados. Em relação à indústria face à Internet pode ser positiva e desta relação nascer uma atitude mais livre e independente e deixarem de serem reféns de preconceitos de “formatos” e “play listes”

Como vai ser o futuro mais próximo de João Afonso?
O futuro mais próximo é comunicar estas canções , sentir esta adrenalina da estrada com um projecto novo. O resto é como toda a gente , tentar sobreviver (pois a realidade para os músicos portugueses não é fácil) fazendo o que se gosta e curtir a vida.

Pode não ser um exercício fácil mas depois de tudo o que se disse aqui, pode apontar apenas uma razão e apenas uma, para alguém não só ouvir como comprar este novo “Sangue Bom”?
Essa é um exercício difícil : Ouvir o coração de sonoridades diferentes e unidas da Lusofonia. [WORLD | OUVIR]

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Especial Plaza, “All Together” I

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PLAZA cover

A trompa começa hoje um Especial dedicado aos Plaza e ao seu novo disco, “All Together” (Ed. Autor, 2014). Serão 12 perguntas a serem respondidas durante 3 dias. Eis o primeiro pack:

Lê-se na nota de imprensa do vosso novo disco, “”All Together”, um disco do outro mundo!”. Que mundo é este?
Um mundo que gosta de olhar para fora e sonhar, mas também de olhar para dentro e despertar, mais liberto de preconceitos, mais à solta, que olha para o lado e pensa no outro, mais justo, mais humano e criador.

Desde o anterior e aclamado “Meeting Point”, passaram-se sensivelmente 10 anos. O que mudou nos Plaza, enquanto músicos e enquanto pessoas?
Todos nos envolvemos noutros projectos, sem nunca deixarmos de estar juntos como Plaza, compondo e produzindo o suficiente para mais tres álbuns. O Paulo gravou dois discos a solo e fez parte do muito bem sucedido Amália Hoje, o Quico produziu e também tocou com outras bandas como os Mundo Secreto, Slimmy, as 3 Marias, Júlio Pereira, entre muitos outros e eu envolvi-me em projectos de produção (2º disco a solo do meu irmão Paulo), e criei a dupla de dj Bitch Boys (tb com o meu irmão) entre outros projectos mais outsiders.

Mantendo de certa forma uma mesma matriz, o novo “All Together” parece ser um disco mais complexo e com outro nível de produção, em relação ao anterior. Concordam? que outras diferenças encontram?
“All together” conceptualiza-se entre o que temos de mais visceral e ao mesmo tempo alienigena, e aponta a muitas novas direcções, o que acabou por ser um fruto consequente deste trabalho. Não queríamos repetir o “Meeting point”, bem pelo contrário, quase que o queríamos inconscientemente “contradizer”, ou melhor, contrariar. Daí o preto de “All together” em contraste com o branco de “Meeting point”. E porque se o branco é a ausência de cor e dá uma ideia de princípio, o preto é a soma de todas as cores e sugere uma ideia de um todo.

A banda produziu o disco com uma colaboração de Rick Webster (Unkle Bob). Onde é que esta colaboração é mais evidente?
A determinada altura do processo de produção (gravação) do disco, reparámos que andávamos um bocado perdidos por entre imensas canções e era importante fazer uma seleção e acabá-las. Fomos até Edimburgo (cidade onde o Rick habita) para nos distanciarmos e tomarmos todas essas decisões. Foi óptimo pois ainda tocámos ao vivo num clube local e deu para testar novas músicas. De certo modo o Rick funcionou como um selecter, ajudou-nos a decidir quais as melhores canções para este disco, com a distância que nos era impossível uma vez que estávamos (Plaza) muito ligados emocionalmente a todas elas. Por outro lado e como gostou tanto da experiência acabou por participar também no disco como instrumentista e cantor. (Continua…) [OUVIR]

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Especial Plaza, “All Together” II

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Ler Parte I

Sendo possível identificá-las, de uma forma clara, que principais mensagens pretendem transmitir com o novo disco?
De certa maneira a resposta à vossa primeira questão já elucida um pouco esta pergunta, mas se formos por partes, ou antes por canções, posso dar um exemplo com o “Modern world” (um dos temas deste disco). Que reflecte acerca da ideia de que apesar de termos evoluído tanto tecnologicamente, principalmente nos últimos 100 anos, o mesmo não acontece aos níveis de consciência colectiva, ou seja, de há 2000 anos para cá se pensarmos bem, subimos muito pouco (ou quase nada) nos níveis de consciencialização colectiva. Ainda fazemos guerras uns com os outros, ainda precisamos de governos para nos gerirmos colectivamente, ainda vendemos espectáculos de tortura (como a tourada) e achamos que está tudo bem, ainda há fome em números desumanamente sequer aceitáveis, etc. Por outro lado, também diz que lá chegaremos, porque não somos perfeitos.

As Anarchicks e as Patrícias SA têm também uma presença vocal no disco. Em que contexto é que surgiram essas participações?
Curiosamente ambas (Anarchicks e Patrícias SA) participam no mesmo tema “Give peace a dance”. As Patrícias, que já conhecíamos há bastante tempo, haviam gravado umas vozes para dois temas nossos, este e outro que ficou na gaveta. E fizeram isto ao primeiro take. Grandes cantoras. Quanto às Anarchicks, a história é bem diferente, pois fizemos tudo sem nos conhecermos pessoalmente (o que só aconteceu aquando da nossa apresentação deste disco em Lisboa). Precisávamos de umas vozes femininas para uma parte especifica da canção, e quando as vi por feliz acaso num programa televisivo achei que eram ideais, a banda concordou, endereçámos o convite, elas aceitaram, enviámos os files da canção, elas gravaram num estúdio amigo e enviaram-nos o resultado do qual gostamos muito e assim foi.

Pedro Martins na bateria e Miguel Barros no baixo são agora também parte dos Plaza. Que trazem ou trouxeram estes elementos de novo aos Plaza?
O Pedro Martins e O Miguel Barros foram uma lotaria, pois são os dois amigos de longa data, músicos de grande talento, que já tocam juntos há imenso tempo e entranharam-se na banda de uma maneira perfeitamente natural. São a secção rítmica ideal e vieram para ficar!

Os concertos de apresentação ocorreram em Fevereiro passado em Lisboa e Vila do Conde. Como correram esses espectáculos?
Correram muito bem, pois tivemos casas cheias e fomos muito bem recebidos. Foi um regresso (ao vivo) muito intenso para todos e o saldo foi muito positivo. (Continua…) [OUVIR]

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Especial Plaza, “All Together” III

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Ler Parte I | Ler Parte II

Que sensações esperam que as pessoas retirem da audição do vosso novo disco?
As melhores sensações possíveis e impossíveis. Deixem-se ir…
Como é que os Plaza olham para a Internet e para o seu papel cada vez mais relevante na indústria musical de hoje?
A internet é um instrumento poderoso (a vários níveis), e permite-nos (como é caso dos Plaza neste disco) de arriscar o “do it yourself completely”. É uma revolução e a revolução passa obrigatoriamente por lá.
Como vai ser o futuro próximo dos Plaza?
Sempre a subir, de olho nas estrelas, tirando o máximo prazer da viagem e sempre com saudades do que faremos depois.
Sei que pode não ser um exercício muito fácil mas se tivessem de apontar apenas uma razão, e apenas uma, para alguém não só ouvir como comprar o novo ”All Together”, que razão apontariam?
A música. [OUVIR]

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Especial: “Ensaio Sobre A Harmonia” de Tio Rex

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Tio Rex, também conhecido como Miguel Reis, é um cantautor Setubalense que, recorrendo a delicadas composições de guitarra e munido de uma voz grave, tem vindo a construir o seu próprio imaginário autobiográfico, que, de disco para disco, vai ganhando novos capítulos e abordagens alusivas ao mundo que o rodeia.

É desde 2012 que os seus desabafos ultrapassaram o medo de ver a luz do dia e passaram a canções. Floresceram a partir de várias histórias reais e imaginárias, que resultaram já em dois EP’s (Homónino (2012); 5 Monstros (2014)) e um álbum (Preaching to a Choir of Friends and Family (2013)).

Depois de uma tour que o levou de norte a sul do país a apresentar o EP 5 Monstros, passando pelos festivais Jameson Beatzmarket e FUMO, Tio Rex voltou ao estúdio. Novamente enraizado na língua portuguesa e com a colaboração da Gallantry na produção, o conceito deste novo disco de 8 faixas gira à volta dos ponteiros do relógio. Os temas do álbum Ensaio Sobre A Harmonia percorrem um “dia” da sua vida: do amanhecer à madrugada, é um ensaio sobre a transição de estados de espírito por influência das relações com os outros, das pressões dos pares e das reações desencadeadas. Um ciclo diário que constrói a identidade do artista. Com data de lançamento para dia 27 de Maio de 2015, o disco será apresentado na presente edição do Festival BONS SONS.

E agora, numa acção concertada entre Tio Rex, a Biruta Records e outros espaços de divulgação online, eis a audição em exclusivo do tema que fecha o disco, “You’re My Machine And So Much More”:

[OUVIR + TIO REX]

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[Especial Rodrigo Amado] “Live LxMeskla” com Lisbon Improvisation Players, 2002

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A trompa inicia hoje um enorme especial com um dos músicos mais talentosos do jazz nacional da actualidade. De 2002 a 2015 vão 14 anos, vão 15 discos que ilustram com brilhantismo a carreira do saxofonista Rodrigo Amado. A trompa convidou e Rodrigo Amado aceitou. Durante 15 dias, Rodrigo Amado vai falar-nos de toda a sua música, de todos os seus discos, um por um. Enfim, vai falar-nos de uma vida cheia de música; boa música.

lisbonimprovisationplayers3Lisbon Improvisation Players ‎– “Live_LxMeskla” (Clean Feed, 2002)

Este disco foi o primeiro editado em meu próprio nome e marca um ponto de absoluta viragem na minha vida. Há já algum tempo que tinha percebido (ou aprendido) que era possível vivermos a fazer aquilo que gostamos. Não é fácil, sobretudo a nível financeiro, mas é possível, e o passo mais difícil de dar é tomar a decisão e artirarmo-nos ao desconhecido. Já o tinha feito, alguns anos antes, e passara a trabalhar em áreas ligadas à minha grande paixão, a música. Passei pela Musicoteca, e depois de uma fase particularmente dura em que fui novamente atirado para as áreas da publicidade e design (pouco tempo), acabei por ser seleccionado como director da Megastore da Valentim de Carvalho, no Chiado. Quando o disco foi gravado, em Outubro de 2000, estava ainda imerso nessa enorme aventura que foi a direcção da Megastore, tendo sido aí que aprofundei a relação de amizade com o Pedro Costa, responsável pela secção de jazz na loja e programador do Festival onde a gravação foi feita (Lx Meskla) e onde participaram também nomes como Akosh S., Lee “Scratch” Perry, Cool Hipnoise ou o projecto Frikyiwa do Frederic Galliano. Nessa altura estava um pouco cansado de reunir formações ad-hoc, sem qualquer identidade ou continuidade. Por essa razão decidi criar os Lisbon Improvisation Players como forma de dar uma identidade aos projectos de improvisação reunidos sob a minha liderança. Surpreendentemente, tendo em conta de que se trata de música totalmente improvisada e de que os músicos eram sempre diferentes, sempre que tornei a reunir os LIP a música manteve uma estética idêntica, como se existisse um fio condutor que ligasse todas as formações. Em 2001 o projecto da Megastore terminou e fiquei novamente disponível para aceitar um novo trabalho. Foi nessa altura que o Pedro Costa e o irmão Carlos me convidaram para fazer parte de uma distribuidora de discos – a Trem Azul – e ajudá-los a criar uma editora. Apesar de se tratar de uma verdadeira “aventura”, super arriscada, na qual eu ainda tinha de investir algum dinheiro, aceitei e foi aí que surgiu a Clean Feed, que hoje é unanimemente considerada uma das 5 editoras de jazz mais importantes do mundo.

Rodrigo Amado

O post [Especial Rodrigo Amado] “Live LxMeskla” com Lisbon Improvisation Players, 2002 aparece primeiro no A Trompa.

[Especial Rodrigo Amado] “The Space Between” com Rodrigo Amado, Carlos Zíngaro e Ken Filiano, 2003

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Hoje, Rodrigo Amado leva-nos até aos dias do seu primeiro encontro em disco com Carlos Zíngaro e Ken Filiano. Estávamos em 2003 e o disco chama-se “The Space Between”.

spacebetweenRodrigo Amado, Carlos Zíngaro e Ken Filiano – “The Space Between” (Clean Feed, 2003)

Os cerca de quatro anos e meio que passei na editora e distribuidora Trem Azul – saí em 2005 – foram incríveis. No início, o nosso escritório era num Centro Comercial decadente e meio abandonado em Santo Amaro de Oeiras. Um sítio meio deprimente que me fez muitas vezes pensar o que estava ali a fazer. A distribuição de discos – não apenas jazz – começou a correr bem, essencialmente porque eramos todos super especialistas e gostávamos do que estávamos a fazer. Em poucos meses já estavamos instalados numa vivenda com jardim virado para o jardim de Santo Amaro (onde existe um McDonalds). Esse escritório era o oposto do primeiro, era um autêntico paraíso. Saíamos quando nos apetecia para beber um café na praia, tínhamos uma vista fabulosa…. apesar do trabalho – sempre a abrir – parecia que estavamos sempre de férias. Para além da distribuição de discos, que era o que nos dava dinheiro, a nossa estratégia para a editora era organizar concertos com músicos que admirávamos – nesta fase, principalmente norte-americanos – e aproveitar para os gravar e editar. Com a edição do primeiro disco da Clean Feed – The Implicate Order “Live at Seixal”, onde eu também toco como convidado – começámos a estabelecer ligações fortes de amizade com alguns desses músicos. Os primeiros a fazer “parte da família” foram os que formavam os Implicate Order – o trombonista Steve Swell, o contrabaixista Ken Filiano e o baterista Lou Grassi. É difícil explicar por palavras o que significou para mim conhecer e ter a oportunidade de tocar com estes músicos, depois de anos a tocar apenas com músicos Portugueses e a sentir-me totalmente underground e isolado no nosso país. Já para não falar que era para mim totalmente inimaginável que iria um dia tocar com algum desses músicos que ouvia nos discos. O Steve Swell, por exemplo, com quem fiz dezenas de concertos nessa fase inicial da Clean Feed era já reconhecido como um dos mais importantes trombonistas de jazz do mundo. Isso foi para nós uma enorme lição de humildade, uma lição sobre a acessibilidade de pessoas que admiramos e mostrou-nos que, na realidade, tudo o que é necessário para que as coisas comecem a acontecer é entrar em contacto, comunicar. E essa foi uma lição que levei bastante a sério a partir daí. Este trio, “The Space Between”, foi gravado numa das muitas visitas que o Ken Filiano fez ao nosso país, e representou para mim uma enorme revelação sobre as minhas próprias capacidades como músico e sobre aquilo que queria fazer como improvisador. Foi aqui que decidi dedicar-me exclusivamente (nos projectos que assino em nome próprio) à total improvisação, sem nunca discutir ou falar sobre aquilo que vai ser tocado ou gravado. Tem sido assim desde essa altura. Foi também neste período que comecei a trabalhar mais conscientemente no conceito de composição em tempo real.

Rodrigo Amado

Artigos anteriores:

Lisbon Improvisation Players ‎– “Live_LxMeskla” (Clean Feed, 2002) Ler

O post [Especial Rodrigo Amado] “The Space Between” com Rodrigo Amado, Carlos Zíngaro e Ken Filiano, 2003 aparece primeiro no A Trompa.

[Especial Rodrigo Amado] “Motion” com Lisbon Improvisation Players, 2004

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E eis que em 2004, Rodrigo Amado volta a juntar os Lisbon Improvisation Players, agora com Steve Adams, Ken Filiano e Acácio Salero. Foram assim os dias de “Motion”.

motion

Lisbon Improvisation Players – “Motion” (Clean Feed, 2004)

Gravado em Agosto de 2002 nos estúdios Musicorde, em Campo de Ourique, este álbum marcou uma época em que eu estava, literalmente, “nas nuvens”. Antes de mais pela oportunidade de tocar e gravar com o Steve Adams, saxofonista dos Rova Saxophone Quartet, um dos grupos que mais me influenciou e uma das formações de sopros mais importantes do mundo – juntamente com os World Saxophone Quartet. O que mais me marcou neste encontro, para além do absoluto deslumbramento de estar em palco e em estúdio com um saxofonista deste calibre técnico e criativo, foi aperceber-me de capacidades minhas, sobretudo a nível técnico, que eu nem sonhava que tinha. O encontro e a convivência musical com o Steve fez-me crescer e ir buscar, de forma intuitiva, recursos técnicos relacionados com coisas que já tinha óbviamente trabalhado mas que nunca tinha utilizado. Desde aí, fiquei sempre com a certeza de que a melhor forma de evoluirmos é tocar com músicos melhores do que nós. Outra das razões para eu estar mesmo feliz nesta altura foi o facto de que o Steve estava em Portugal para tocar com os Lisbon Improvisation Players no Jazz em Agosto da Gulbenkian. A formação era a mesma que foi para estúdio – eu em saxofones tenor e barítono, o Steve Adams em saxofones tenor e sopranino, o Ken Filiano no contrabaixo e o Acácio Salero na bateria. Foi também neste período que comecei a desenvolver mais intensamente um interesse por fotografia. Na editora (Clean Feed) era eu quem coordenava toda a parte gráfica e de design com o Rui Garrido. Algumas das capas eram desenvolvidas a partir de ideias dele, outras de ideias minhas. Para esta capa fui buscar uma foto do Daniel Blaufuks que me fascinava – a imagem das pessoas a andar entre os raios de luz que criava uma ligação directa com o nome do álbum. Sempre fui absolutamente obcecado com a parte gráfica e conceptual dos meus discos, talvez por se tratar de música improvisada e assim ser possível reforçar a coerência e unidade de cada projecto. Depois de ultrapassada a fase de audição e selecção das gravações – em dezenas, se não centenas de sessões – e a fase de mistura e masterização, dou início a uma fase final em que, de acordo com o espírito e energia da música, crio um conceito que envolve o nome do disco, os nomes dos temas e o design gráfico do álbum. Foi com este disco que eu senti pela primeira vez que tudo estava no “lugar” certo, e a foto do Daniel foi muito importante. Durante este período (2003 / 2004) fiz fotografias para capas do Paul Dunmall (Bridging), Carlos Barretto (Lokomotiv), Ethan Winogrand (Made in Brooklyn), João Paulo Esteves da Silva (As Sete Ilhas de Lisboa), Julius Hemphill Sextet (Hard Blues), Bernardo Sassetti (Indigo), Dennis Gonzalez (New York Midnight Suite), e os TGB do Mário Delgado, Sérgio Carolino e Alexandre Frazão (Tuba, Guitarra e Bateria). Foi um período mágico em que aconteceu outros dos encontros que mais me fizeram crescer como músico – um concerto histórico no Teatro Ibérico, em 2003, com o Bobby Bradford (trompetista que gravou com Ornette Coleman os álbuns Science Fiction e Broken Shadows), Joe Giardullo (sax), Ken Filiano (contrabaixo) e Alex Cline (bateria). Esta era uma verdadeira dream band e o encontro só foi possível pelo facto de que o Bobby e o Alex integravam o quarteto Bobby Bradford / Vinny Golia que actuava esse ano na primeira (e histórica) edição do Festival Jazz ao Centro, em Coimbra, e ainda numa série de datas no Hot Clube, em Lisboa. Sendo o Ornette talvez a minha principal influência de sempre como saxofonista, este encontro com o Bobby Bradford foi para mim uma coisa do outro mundo. E o concerto no Teatro Ibérico foi incrível!

Rodrigo Amado

Artigos anteriores:

2002 Lisbon Improvisation Players ‎– “Live_LxMeskla” (Clean Feed) Ler

2003 Rodrigo Amado, Carlos Zíngaro e Ken Filiano – “The Space Between” (Clean Feed) Ler

O post [Especial Rodrigo Amado] “Motion” com Lisbon Improvisation Players, 2004 aparece primeiro no A Trompa.

[Especial Rodrigo Amado] “Spiritualized” com Lisbon Improvisation Players, 2006

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Em 2006 e mantendo um ritmo de edições assinalável, Rodrigo Amado voltava à carga com os Lisbon Improvisation Players, agora na companhia de Dennis Gonzalez, Pedro Gonçalves, Bruno Pedroso e Ulrich Mitzlaff. Sobre esse, o músico diz-nos:

spiritualized

Lisbon Improvisation Players – “Spiritualized” (Clean Feed, 2006)

Gravado em 2004 nos estúdios Cha Cha Cha, em Miraflores, o terceiro álbum dos Lisbon Improvisation Players (a foto da capa é minha, tirada próximo do escritório da editora, em Santo Amaro)
marca o encontro com o trompetista Texano Dennis Gonzalez naquele que foi um dos acontecimentos mais importantes do meu percurso como músico. Os primeiros contactos com o Dennis aconteceram durante o processo de design da capa de New York Midnight Suite, editado neste mesmo ano e cuja capa tem também uma fotografia minha. Conhecia bem a música dele através dos discos que tinha gravado nos anos 80 para a label sueca Silkheart, e era naquele período um dos músicos que mais me fascinava. Quando lhe fiz o convite aceitou de imediato e o nosso encontro em Lisboa foi fulgurante – como se nos conhecêssemos há muito mais tempo. Esse foi um fenómeno que se repetiu por diversas vezes ao longo dos anos – a empatia profunda e imediata com músicos que conhecia apenas através dos discos e cujas afinidades adivinhava através da música, de forma puramente intuitiva. Posso dizer que até hoje, nas dezenas de convites feitos a músicos estrangeiros, com os quais acabei por tocar e gravar, nunca fiquei desiludido. Antes pelo contrário. Mas regressando ao encontro com o Dennis, a nossa relação musical e pessoal continuou a evoluir ao longo dos anos, apesar deste ser o meu único disco onde o Dennis participa. Em 2006 o Dennis convida-me para uma digressão na east coast dos Estados Unidos com o grupo dele, Yells at Eels. Foi a minha primeira digressão no país (viria a fazer mais duas) e foi a primeira vez que estive em cidades como Austin, Houston ou Filadélfia. Já tinha estado nos EUA três vezes antes – em 1997 para uma visita (a primeira) a Nova Iorque; em 2001 para uma longa viagem, costa a costa, que durou cerca de um mês e meio, com início em São Francisco, descida de toda a costa passando por Los Angeles e San Diego até ao México (Baja California), para depois voltar a subir, fazer parte da Route 66, passar por Memphis e terminar a viagem em New Orleans (escusado será escrever o quanto esta viagem me marcou); e uma outra em 2005, onde fiz dois concertos em Nova Iorque (um deles uma verdadeira aventura, por me ter caído uma peça do saxofone logo no início do concerto – o meu primeiro concerto em NY!! – e mesmo assim ter terminado sem ninguèm dar por nada e com todo o público de pé a aplaudir) e dois outros em Dallas, também com o Dennis. Nesta primeira tour americana senti verdadeiramente que estava a viver um sonho – andar na estrada (estilo old school, numa carrinha de oito lugares) com músicos americanos, a tocar em todo o tipo de salas, desde auditórios para 300 pessoas a caves underground onde tocávamos para um público de punks (literalmente). Foi histórico. Mais tarde, em 2008, nova ocasião especial, com um convite para integrar a extensa digressão polaca dos Yells at Eels, organizada por um milionário Polaco. Viajávamos numa carrinha super confortável, ficávamos em hoteis incríveis e fizemos refeições épicas…enfim… um excesso completo. Fizemos cerca de 8 datas passando por alguns dos clubes mais importantes na Polónia e gravámos (ao vivo) o disco The Great Bydgoszcz Concert para a Ayler Records. Acho que foi o período one senti uma evolução mais intensa e consistente na minha forma de tocar. Andar na estrada é a maior escola. No ano seguinte fui novamente convidado pelo Dennis para fazer duas datas em Espanha – Madrid e Barcelona. Hoje, apesar da distância, o Dennis é como um irmão para mim, um irmão musical, e continua a ser uma das minhas grandes inspirações. O nome que dei na altura ao disco refere-se a isto mesmo.

Rodrigo Amado

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2002 Lisbon Improvisation Players ‎– “Live_LxMeskla” (Clean Feed) Ler

2003 Rodrigo Amado, Carlos Zíngaro e Ken Filiano – “The Space Between” (Clean Feed) Ler

2004 Lisbon Improvisation Players – “Motion” (Clean Feed) Ler

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[Especial Rodrigo Amado] “Teatro” com Rodrigo Amado, Kent Kessler e Paal Nilssen-Love, 2006

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Ainda em 2006, Rodrigo Amado voltaria a surpreender-nos com um novo disco, agora na companhia de Kent Kessler e Paal Nilssen-Love. O disco chama-se “Teatro”:

TEATROPRESSCOVER

Rodrigo Amado, Kent Kessler e Paal Nilssen-Love – “Teatro” (European Echoes, 2006)

Gravado em Fevereiro de 2004 no Teatro São João, no Porto, Teatro marca o início de uma nova fase na minha música. Apesar de sentir que já tinha conquistado uma identidade comum para todos os meus projectos, não tinha ainda conseguido reunir uma working band, uma formação estável com a qual pudesse trabalhar todos os dias obrigando a música a transformar-se e evoluir. O trabalho realizado com o Pedro Gonçalves (contrabaixo), o Bruno Pedroso e o Acácio Salero (ambos na bateria) tinha chegado a um ponto onde era difícil evoluir sem trabalho intenso diário, algo que era difícil fazer acontecer pelas múltiplas outras solicitações que eles tinham, nas mais diversas áreas. Todos eles músicos tremendos e grandes improvisadores, tinham sido sem dúvida determinantes para a minha evolução musical ao longo dos últimos anos, mas sentia agora que tinha de levar a música para um novo patamar de intensidade e emoção, procurando músicos com os quais partilhasse uma maior afinidade estética e uma maior ligação emocional. Tinha começado a fazer viagens regulares a Marrocos, aproveitando para tocar com músicos locais, em Marraquexe ou Essaouira. Numa das várias passagens de ano que passei no país, fui convidado para tocar numa festa onde estavam apenas Marroquinos (nem um ocidental) integrado numa banda de Gnawa local. Tocávamos durante cerca de uma hora, alternados com um outro grupo Berber que tinha duas mulheres a cantar de forma transcendente. Isto durante toda a noite – uma hora nós, uma hora eles – até que a festa começou a tomar conta dos acontecimentos e acabámos a tocar todos juntos. As sessões de música em Marrocos foram sempre grandes lições sobre contenção e acima de tudo sobre o papel do tempo na música. Eles quando se juntam para tocar é sem horizonte temporal definido – podem ser 3 horas como podem ser 6 ou 7 – e é sempre uma experiência espiritual. Em Lisboa, durante esta fase, sentia-me um pouco isolado. Não pertencia ao meio do jazz, mas também não pertencia ao meio da livre improvisação, apesar de ter inúmeros amigos e colaboradores em ambas as áreas. Não existia ainda uma cena jazz mais criativa como existe hoje. Foi também o período em que o absoluto equilíbrio e harmonia que tinha marcado os primeiros anos da Trem Azul e da Clean Feed começava a sofrer alterações. Entraram novos sócios para a empresa e a minha dedicação aos próprios projectos estava a retirar energia e foco para os assuntos da empresa. Na realidade, era o Pedro Costa que estava a assumir a maior parte das responsabilidades e trabalho (eu e ele éramos os sócios maioritários). Eu estava frequentemente absorvido a pensar em novas colaborações, concertos, misturas de discos, etc. Quando as coisas chegaram a um ponto de rutura, decidi sair. Mas foi num desses momentos de incerteza e procura que surgiu o convite do Pedro Santos para participar no festival que ele produzia e programava no Teatro São João, o Spectrum. O convite surgiu com total liberdade para que eu escolhesse com quem queria tocar, sendo que havia verbas para viagens, alargando a escolha a músicos internacionais. A minha escolha imediata foi para o Paal Nilssen-Love (bateria), que era na altura denominador comum numa série de projectos que andava a ouvir intensamente. Depois pensei na hipótese de tocar em trio, de forçar uma exposição maior do que aquela que existe quando tocamos em quarteto, e pensei no Kent Kessler, pelo som poderoso mas também pelo elemento de groove que coloca sempre na música. Os dias que antecederam o concerto foram de alguma apreensão e nervosismo – sabia que este era um enorme desafio, ia tocar com dois instrumentistas brutais e ia estar totalmente vulnerável. Eles chegaram na véspera e no dia seguinte já estávamos a gravar (Teatro foi gravado durante o sound check da tarde, e não durante o concerto). Ainda hoje, este é um dos discos mais importantes e simbólicos da minha discografia. Foi sem dúvida um dos pontos de viragem (nota: a capa é retirada de uma pintura do meu pai, Manuel Amado).

Rodrigo Amado

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